As Casas do Povo foram criadas pelo Decreto-Lei n.º 23 051 de 23 de Setembro de 1933, ou seja, em pleno ‘Estado Novo’. Cada Casa do Povo era um organismo de cooperação social, dotado de personalidade jurídica, destinando-se a colaborar no desenvolvimento económico-social e cultural das comunidades locais, bem como a assegurar a representação profissional e a defesa dos legítimos interesses dos trabalhadores agrícolas. As Casas do Povo assumiram, também, a função de realizar a previdência social de todos os residentes na sua área de atuação.
Assim, facilmente se compreende, que a Casa do Povo de Nine, fundada em Abril de 1940, foi das primeiras a surgir em Portugal, sendo atualmente das mais antigas ainda em funcionamento.
Numa primeira fase a Casa do Povo de Nine funcionava para as pessoas mais necessitadas, prestando cuidados de saúde, como centros de Ensino Primário, passando mais tarde a ter uma função complementar, ministrando cursos de formação adequada ao modo de viver nos centros rurais, distribuídos por sexos. Ao sexo feminino eram atribuídos cursos ligados ao mundo doméstico e maternal, chamados “Cursos de Formação Familiar”. A “Obra das Mães pela Educação Nacional (O.M.E.N.) dava os seus frutos. Os primeiros cursos a serem ministrados na preparação feminina denominaram-se: “Curso de Ensino Familiar e Doméstico” e “Curso de Artesanato Feminino”. Aos homens, estavam reservados cursos de aperfeiçoamento do trabalho agrícola e no trabalho artesanal.
A partir de 1982 e de acordo com a Lei nº. 4/82 de 11 de Janeiro, as Casas do Povo passaram a ter o estatuto jurídico de pessoas coletivas de utilidade pública, de base associativa, tendo como finalidade o desenvolvimento de atividades de carácter social e cultural e a cooperação com o Estado e com as autarquias locais, com vista à resolução de problemas que afectem a população local.
Hoje em dia, a Casa do Povo de Nine, paralelamente às actividades desenvolvidas nas suas valências, organiza inúmeras actividades, essencialmente de âmbito local, dirigidas para a comunidade (actividades desportivas, culturais, entre outras).
Ao longo destes mais de 75 anos de existência foram inúmeros os acontecimentos que tornaram a instituição numa entidade de referência. Resumimos, de seguida, alguns dos acontecimentos que marcam e marcarão a história desta instituição:
Ano 1940 (Fundação)
– Dr. António Brás Araújo, médico, oferece seus serviços clínicos gratuitamente, sendo apenas pagas as visitas ao domicílio, a título de transporte, 5 escudos.
– Sr. Alfredo Xavier Costa Saldanha, cede gratuitamente no rés-do-chão da sua habitação, sita no Lugar de Santo António – Nine, espaço onde fica a funcionar provisoriamente a sede da Casa do Povo.
Ano 1942 (Escola)
– Pedido a criação de um lugar de professor na sede da Casa do Povo, por existir um número elevado de pedidos, pois o número de crianças em idade escolar é superior a 100, estando muitas delas em condições de não frequentar a escola.
** Dr. António Rodrigues (Médico)
Para muitos, o grande impulsionador da Casa do Povo de Nine, à qual esteve ligado durante muitos anos, e associado a muitas das obras realizadas nesse período. Ainda hoje é recordado pela sua generosidade, abertura, estima para com os outros, pessoa incapaz de dizer “não” a um pedido. Pessoa ímpar, no apoio de saúde às pessoas mais desfavorecidas.
Em épocas em que poucos tinham acesso aos mais elementares cuidados de saúde, a Casa do Povo de Nine, através da generosidade de algumas pessoas/médicos, conseguiu eliminar essas barreiras.
Ano 1943 (Aquisição Terreno)
– “Foi resolvido também a aquisição de terreno no Lugar de Santo António para construção do edifício próprio para a sede da Casa do Povo de Nine”.
– Publicados primeiros Estatutos.
Ano 1951 (Orquestra e Grupo Folclórico)
– “Foi deliberado criar uma orquestra e um grupo folclórico que será privativo desta Casa do Povo e para os devidos efeitos contratado para ensaiador o Senhor Davide da Silva e Sá Oliveira, o qual se compromete a administrar dois ensaios por semana pela quantia mensal de 100 escudos”.
Ano 1952 (Centro Rural de Educação Familiar e Doméstico – “OBRA DAS MÃES”)
Aquando das comemorações do 12º ano, surge na Casa do Povo de Nine, uma nova valência designada “Obra das Mães”.
No entanto, apesar de apenas surgir em 1952 na Casa do Povo de Nine, a “Obra das Mães” teve a sua criação no ano de 1936, no decorrer do Estado Novo, por intermédio do ministro da “Educação Nacional” Carneiro Pacheco, tendo por objectivo estimular a acção educativa da família e assegurar a cooperação entre esta e a escola, bem como “preparar melhor as gerações femininas para os seus futuros deveres maternais, domésticos e sociais”.
Esta valência ainda hoje é recordada por muitas mães desta freguesia, como uma verdadeira escola na formação de vários ensinamentos, essencialmente na preparação para o período pós matrimónio, tais como, técnicas de costura e bordagem, aprendizagem de cozinha e preparação da mesa, maternidade, higiene, entre outros.
Grandes figuras na criação desta valência na Casa do Povo de Nine foram D. Anunciação Araújo, mais conhecida por D. Sãozinha e cerca de um ano mais tarde D. Maria Freitas.
A primeira, D. Sãozinha, foi distinguida no ano de 2010, aquando das comemorações do 70º Aniversário, com o título de sócia honorária da Casa do Povo de Nine. Falecida em 2012, será sempre recordada pelo seu empenho, dedicação e todo o ensinamento dado em prol de várias mães.
Ano 1957 (Construção do Edifício Sede da Casa do Povo de Nine)
Este ano marca o início das obras de construção do edifício sede da Casa do Povo de Nine. Foram inúmeras as entidades particulares que contribuíram ao longo dos anos com donativos para esta grande obra, reclamada desde a fundação da instituição, ano de 1940.
O edifício apesar de inaugurado em meados do ano seguinte, 1958, apenas fica concluído no decorrer de 1959, altura em que diversas personalidades da ocasião visitam o mesmo e demonstram a sua admiração pela sua arquitectura moderna face à época em curso.
Ano 1959 (Inauguração do Edifício Sede da Casa do Povo de Nine)
– “Proceder à bênção e abertura deste edifício compareceram os Excelentíssimos Senhores Reverendo Padre João Soares da Silva, Delegado e Sub-Delegado do Instituto Nacional T Previdência do Distrito, Dr. António Gomes Rodrigues, médico deste organismo, autoridades administrativas desta freguesia e muito povo”.
Ano de 1968 (Criação do Clube de Futebol de Lemenhe)
– “… a fim de deliberarem a constituição de um grupo de futebol na freguesia de Lemenhe, a qual faz parte da área deste organismo. Aberta a sessão foi deliberado constituir o referido grupo, desejando este organismo que o mesmo participe nos respectivos compromissos corporativos”.
Ano de 1973 (Admissão Conjunto Musical)
– “… deliberado por unanimidade admitir ao serviço desta Casa do Povo o Conjunto Típico ‘Jacinto e Paulo’, e fizeram-se depoimentos sobre o digno valor do citado conjunto”.
Ano de 1977 (Saída do Posto Médico para outra freguesia)
– “Seguidamente foi discutido o problema da mudança do Posto Clínico de Nine que funcionava nesta Casa do Povo, para a freguesia de Viatodos, mudança essa que causa desagrado entre os membros da Direcção e entre a população visto se sentirem prejudicados e não constituir qualquer beneficio para as freguesias agregadas a esta Casa do Povo devido à sua colocação”.
Ano de 1981 (Início das valências Jardim de Infância e ATL)
– “… foi aprovado o quadro de pessoal do Jardim de Infância da Casa do Povo a enviar ao Centro Regional de Segurança Social de Braga a fim de ver se conseguimos com o apoio d C.R.S.S. Braga o contrato de uma Educadora de Infância e de uma Vigilante (monitora)”.
Ano de 1984 (Grupo Folclórico)
– “Assim e depois de várias considerações ficou assente que o grupo folclórico passaria a pertencer à Casa do Povo, não sendo contudo da dependência desta a responsabilidade pelas dívidas existentes, mas ainda ficou assente que se chamaria uma vez mais um técnico da Junta Central das Casas do Povo a fim de melhor resolver o assunto da integração do grupo, assunto este que se arrasta há já alguns anos”.
Ano de 1986 (Atletismo)
Criação de um grupo de atletismo, que mais tarde demonstrou ser uma equipa de vários êxitos alcançados. Ainda hoje, o salão nobre da Casa do Povo é símbolo dessa grande equipa com exposição de centenas de troféus alcançados.
Foram grandes obreiros desta colectividade / equipa o seu impulsionador Sr. José Cantim e o seu treinador Sr. José Boucinha.
Neste ano foi também realizada a primeira grande prova de atletismo na freguesia.
Ano 1988 (Falecimento de um atleta da instituição)
O ano de 1988 é marcado pela enorme tristeza da perda de um jovem atleta, poucos dias depois da realização da 3ª grande prova de atletismo na freguesia de Nine.
No dia 26/06/1988, quando participava numa prova de atletismo na cidade de Famalicão, o jovem Pedro Carvalho é tragicamente atropelado por um automóvel acabando por falecer no local.

PEDRO MIGUEL ARAÚJO CARVALHO
24-01-1978 – 26-06-1988
Ano 1990 (1ª Colónia de Férias)
– “… assim pela primeira vez iremos participar em colónia de férias na Apúlia e esperamos que esta nova iniciativa seja do agrado dos pais…”.
Ano de 1994 (Publicação em Diário da República, no qual equipara a Casa do Povo de Nine a Instituição Particular de Solidariedade Social).
Ano 2004 (Brasão da Instituição)
– “proposta da Direcção para a Ordenação Heráldica da Casa do Povo, os símbolos constantes do parecer emitido pela Academia Lusitana de Heráldica , com a seguinte redacção:
BRASÃO DE ARMAS: Escudo de formato oval de ouro, com uma locomotiva antiga de negro realçada do campo entre cegonha voante de prata, bicada e sacada de vermelho, realçada de negro , em chefe, e cacho de uvas de púrpura folhado de verde, em campanha. Listel branco em cartela com a legenda a negro CASA DO POVO DE NINE.
BANDEIRA: verde, lisa. Cordões e borlas de ouro e verde. Haste e lança de ouro.
SELO: circular, tendo ao centro a representação das figuras do escudo, sem indicação de metais e esmaltes e, em volta, a legenda Casa do Povo de Nine – Vila Nova de Famalicão.”.
Ano 2010 (Sócios Honorários)
– Aprovação em Assembleia Geral de catorze de Novembro, no âmbito das comemorações do 70º aniversário do título de sócio honorário a diversas pessoas que contribuíram ao longo dos anos para o sucesso da instituição: Serafim de Carvalho; Casimiro Sá Pinto; José Boucinha; Dona Anunciação; Avelino Barbosa da Cunha; José Miranda da Cunha; Cirilo Nunes Pinto; Avelino Cruz.
Ano de 2015 (Medalha de Mérito Desportivo – Município Vila Nova de Famalicão)
– No âmbito das comemorações do 30º aniversário de elevação de Famalicão a cidade, a Casa de Povo de Nine foi distinguida com “Medalha de Mérito Desportivo”. Tal distinção deve-se aos êxitos alcançados no passado pela modalidade de atletismo. A entrega do referido galardão ocorreu no dia 09 de Julho, na Casa das Artes.
Ano de 2015 (Lançamento Livro – Comemorações 75º Aniversário)
– Neste ano, a instituição comemorou 75 anos de existência, e nesse sentido, para além de uma série de iniciativas realizadas ao longo do ano, foi editado e publicado um livro, intitulado “Aqui sou Feliz”.